Pianista, arranjador, acordeonista, trombonista, cantor e compositor… mas, certamente, ele foi além da música. Com estilo próprio e um ritmo sincopado inconfundível, ele deixou a marca de sua criatividade e ousadia na MPB e na bossa nova. Mas, afinal, quem foi João Donato, de fato?

Ele foi um dos pioneiros em misturar diferentes gêneros musicais, indo do jazz ao samba, sem se esquecer do funk estadunidense e do tempero latino.

Entre seus trabalhos como arranjador, trabalhou com grandes nomes, como Gal Costa e Gilberto Gil. Já como compositor, é autor de vários sucessos.

A biografia de João Donato é leitura obrigatória para amantes da música, visto que o artista foi responsável por mudanças dentro e fora do Brasil. Então, venha com a gente saber mais sobre o seu legado!

Onde nasceu João Donato?

João Donato nasceu em Rio Branco, no Acre, em 1934, filho de uma família musical. Embora o pai fosse piloto, tocava bandolim nas horas vagas, sua mãe cantava, a irmã estudava piano e o outro irmão era adepto de composições.

Assim, João cresceu rodeado pela música. Por isso, aos cinco anos já tocava acordeon, e chegou a compor uma valsa aos oito. Aos 12, já tocava o modelo de 120 baixos, que ganhou do pai.

Mas o jovem João Donato sentiu a efervescência da arte ao deixar Rio Branco e se mudar para o Rio de Janeiro, devido a uma transferência profissional do pai.

Assim, ele conheceu o circuito musical da Tijuca e seus arredores e tentou, sem sucesso, participar do programa do Ary Barroso.

Aos 15 anos, ele já participava de jam sessions, em locais que Jô Soares e Nora Ney compunham, como o Sinatra-Farney Fã Club.

Como resultado de seus estudos, integrou a banda do flautista Altamiro Carrilho, sendo responsável pelo acordeon em Brejeiro e Feliz Aniversário. Em seguida, foi suplente do Chiquinho do Acordeon no grupo do violinista Fafá Lemos.

Mas foi nos anos 50 que sua carreira passou a tomar forma, ao assumir não só o piano, mas a liderança de seus próprios grupos musicais. Nesse sentido, foram configuradas formações como Donato e seu Conjunto, Donato Trio e Os Namorados.

Assim, em 1956, a gravadora Odeon escolheu ninguém menos que Tom Jobim, ainda iniciante, para fazer a direção musical de seu primeiro LP, Chá Dançante. Como resultado, vieram clássicos como No Rancho Fundo, Carinhoso e Baião.

Após o lançamento, o artista se aventurou por São Paulo por dois anos, retornando ao Rio e encontrando o nascimento da bossa nova.

Músicas de João Donato e o impacto na bossa nova

Após voltar ao Rio, em 58, João Donato gravou Minha Saudade e Mambinho, ao lado de João Gilberto. Em seguida, partiu para uma temporada nos Estados Unidos, onde uniu jazz e ritmo caribenho.

Ao regressar ao país, compôs Muito à Vontade e A Bossa Muito Moderna de João Donato, álbuns considerados clássicos da MPB.

Algumas das canções foram modificadas ao longo da carreira, como Villa Grazia, que tornou-se Bananeira com versos de Gilberto Gil.

Porém, no final dos anos 60, João Gilberto retornou aos EUA, e lá trabalhou com nomes internacionais, como Chet Baker.

Ao mesmo tempo, não abandonou sua conexão com o Brasil, trabalhando ao lado de Tom Jobim, João Gilberto e Eumir Deodato, popularizando o gênero no exterior.

Já nos anos 70, abraçou uma nova leva de compositores, como Chico Buarque, Caetano Veloso, Arnaldo Antunes, Aldir Blanc e Gal Costa. Como resultado, canções como Terremoto, Quem é Quem e A Rã ganharam vida e marcaram época.

Ao retornar ao Brasil nos anos 90, mais de duas décadas sem gravar, ele lançou Coisas Tão Simples (1996), disco que contém Doralinda, parceria com Cazuza.

Daí em diante, Donato colaborou com novos nomes, como Leila Pinheiro, Joyce Moreno, Marcelo D2 e seu filho, Donatinho. Você pode conferir essa mistura no DVD Donatural, de 2005.

O legado de João Donato

A biografia de João Donato também é marcada por diversos prêmios musicais nacionais e internacionais relevantes. Nesse sentido, em 2010, foi o vencedor do Grammy Latino na categoria de Melhor Álbum de Jazz Latino.

Antes disso, ele foi contemplado com o Prêmio Shell de Música pelo conjunto da obra, em 2000, e vencedor do Prêmio APCA em 2003. Além disso, foi ao lado de Emílio Santiago que conquistou o Prêmio Tim, pela parceria Emílio Santiago encontra João Donato.

João Donato e Donatinho, seu filho, lançaram Sintetizamor, eleito pela Rolling Stone como um dos melhores álbuns de 2017. A inquietude e a criatividade sempre fizeram parte de João Donato, pois ele nunca parou de produzir.

Em 2021, mesmo durante a pandemia, lançou o Síntese do Lance, álbum bem recebido pela crítica e pelo público. Além disso, participou do lançamento digital de Jazz is Dead ao lado de outros músicos em Los Angeles.

Por fim, em 2022, o álbum Serotonina ganhou vida com nomes da nova MPB, como Céu e Rodrigo Amarante, trazendo jovialidade e celebração da vida em suas faixas.

Da mistura da MPB à construção de uma bossa com outros elementos latinos, João Donato ficou marcado pela ousadia em misturar e aceitar o novo. Não apenas em gêneros, mas também em parcerias e temas, sempre celebrando a alegria de viver.

Seu ritmo único e sincopado estará vivo para sempre em suas obras. E você pode ajudar a manter esse legado vivo compartilhando este texto com quem possa se interessar pela obra de um dos maiores artistas que o Brasil já teve!